Abordaremos, aqui, um coro (And the Glory of the Lord), um recitativo e uma ária (But who may abide), todas baseadas em textos do Antigo Testamento. As cenas de 1 a 3, abordadas anteriormente, eram todas tiradas do profeta Isaías. Aqui apenas o coro é uma continuação dos textos de Isaías utilizados nessas cenas -- razão pela qual já o havíamos incluído no 'post' anterior. As outras duas, recitativo e ária, foram compostas a partir de textos de Malaquias e Ageu.
Retomemos o belo coro And The Glory of the Lord, já colocado no posto anterior. Como a letra original, em inglês, está no vídeo abaixo, colocaremos aqui apenas a tradução:
Trata-se de um coro de grande júbilo, que celebra a glória do Senhor. É um clima de grande alegria e esperança.E a glória do Senhor será revelada
e toda carne, juntamente, o verá
pois a boca do Senhor o disse!
(Isaías 40,5)
Em seguida, após 2 minutos e 50 segundos de áudio, vem o recitativo para baixo:
Assim diz o Senhor dos exércitos:Quando o cronômetro marca 4:07 tem início a belíssima ária But who may abide, baseada em texto de Malaquias:
Ainda um pouco mais e Eu abalarei os céus e a terra,
o mar e a terra seca, e Eu abalarei todas as nações,
e o Desejado de todas as nações virá.
(Ageu 2,6-7)O Senhor a quem vós buscais de repente virá ao Seu templo
o próprio mensageiro da aliença, em quem vos deleitais;
eis, Ele virá, diz o Senhor dos exércitos.
(Malaquias 3,1)
Quem poderá agüentar o dia de sua chegada?A ária começa doce, meditativa, e se incendeia quando a última frase é cantada: sente-se, nitidamente, o fogo chegando!
E quem ficará de pé quando ele aparecer?
Pois ele é igual ao fogo de uma fundição.
(Malaquias 3,2)
A versão de Hogwood do Messias é a apresentada por Händel em 1754 e, por isso, a ária é cantada por uma soprano -- Emma Kirkby, que o faz com bastante intensidade!
Ouçamos essas três partes com The Choir Of Westminster Abbey e The Academy of Ancient Music (que utiliza instrumentos de época) sob a regência de Cristopher Hogwood.
Vale a pena nos determos um pouco mais na ária, que nessa gravação da versão de 1754, conforme já observamos, é cantada por soprano e foi escrita, originalmente, para baixo -- razão pela qual vem em seguida do recitativo de baixo. Há, no youtube, dois vídeos interessantes do aspecto histórico, uma vez que ilustram a evolução dessa ária. Infelizmente, são vídeos caseiros, com acompanhamento de midi, só mesmo para conhecermos as versões compostas por Händel anteriormente a essa que conhecemos hoje, composta em 1750.
O vídeo abaixo traz aquela que acredita-se ter sido a executada na estréia da obra, em 1742, bastante curta e só com os dois primeiros versos da letra que hoje em dia é cantada:
No ano seguinte, após uma revisão, a ária ganhou a letra inteira exposta acima e ficou consideravelmente mais longa e elaborada:
Após tantas versões, pode surgir a pergunta: qual é a definitiva, para Händel? De fato, no barroco, não havia esse conceito de uma versão definitiva da obra. Ao contrário, ela era normalmente adaptada ao ambiente e aos intérpretes.
Para encerrar, o link abaixo lava a um vídeo em que The Choir of King's college de Cambridge e The Brandenburg consort, sob a regência de Stephen Cleobury, executam o recitativo para baixo (Alastar Miles), a ária cantada pela contralto Hillary Sumers e o coro que conclui a ária:
E ele purificará os filhos de Levihttp://www.youtube.com/watch?v=OJsAgMhucY8
Para que eles possam oferecer ao Senhor
uma oferta de justiça.
(Malaquias 3,3)
Nenhum comentário:
Postar um comentário