sábado, 30 de janeiro de 2010

Habanera

A habanera, como atesta seu nome, é uma dança cubana: habanera vem de Havana -- ou La Habana, em espanhol. Tornou-se popular no século XIX. Segundo Jairo Severiano, a habanera teve origem, provavelmente, na África do Norte e foi levada para Cuba pelos negros.
De lá, graças a comerciantes que iam da Europa a Cuba e vice-versa, a dança chegou à Europa, no século XVII, sobretudo à Espanha e à França. Da Europa, a dança voltou à América, em particular ao Brasil e à Argentina, trazida por portugueses e espanhóis, dando origem ao maxixe e ao tango.

O ritmo é binário (2/4) e tem acentuação marcante no primeiro tempo. A figura abaixo ilustra uma possível forma do ritmo da habanera:
 
A habanera é uma dança lenta (dança no sentido literal: para se dançar) e é cantada.
Talvez o exemplo mais antigo de habanera fora de Cuba seja El Arreglito do compositor basco Sebastian Iradier (1809-1865), que tomou conhecimento do gênero após uma visita a Cuba. É o mesmo autor da até hoje popular habanera La Paloma (1860).


Abaixo segue um vídeo de El Arreglito e mesmo quem nunca tiver ouvido falar nesta música em toda a vida há de acha-la bastante familiar.

 
De fato, foi a partir da habanera de Iradier que o francês Georges Bizet (1838-1875) compôs a sua famosa 'avanera' da ópera Carmen (1874), 'L'amour est un oiseau rebelle'. Quando usou a habanera, Bizet acreditava tratar-se de uma música folclórica. Ao descobrir que era de autoria de Iradier, adicionou uma nota à partitura.
Deixemos que a grande Maria Callas nos mostre o que é a habanera!




L'amour est un oiseau rebelle
Que nul ne peut apprivoiser,
Et c'est bien en vain qu'on l'appelle,
S'il lui convient de refuser.
Rien n'y fait, menace ou prière,
L'un parle bien, l'autre se tait;
Et c'est l'autre que je préfère:
Il n'a rien dit, mais il me plaît.

L'amour est enfant de bohème,
Il n'a jamais connu de loi:
Si tu ne m'aimes pas, je t'aime;
Si je t'aime, prends garde à toi!

L'oiseau que tu croyais surprendre
Battit de l'aile et s'envola ?
L'amour est loin, tu peux l'attendre;
Tu ne l'attends plus, il est là!
O amor é um pássaro rebelde
Que ninguém pode prender,
Não adianta chamá-lo
Pois só vem quando quer.
Não adiantam ameaças ou súplicas,
Um fala bem, o outro cala-se
É o outro que prefiro, 
Não disse nada, mas agrada-me.

O amor é filho da boêmia,
Que nunca, nunca conheceu qualquer lei;
Se não me amares, eu te amarei;
Se eu te amar, toma cuidado!

O pássaro que julgavas surpreender
Bateu asas e voou
O amor está longe, podes esperá-lo
Já não o esperas, aí está ele,
À tua volta, depressa, depressa,
Ele vem, ele vai, depois volta,
Julgas tê-lo apanhado, ele te escapa;
Julgas que te fugiu, ele agarra-te. 

Referências: