domingo, 4 de abril de 2010

Bach: Oratório de Páscoa (BWV 249)

No primeiro dia da semana, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, Maria Madalena foi ao túmulo e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo.
Ela saiu correndo e foi se encontrar com Simão Pedro e com o outro discípulo, aquele que Jesus mais amava. Disse-lhes: “Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram”.
Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao túmulo.
Os dois corriam juntos, e o outro discípulo correu mais depressa, chegando primeiro ao túmulo.
Inclinando-se, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou.
Simão Pedro, que vinha seguindo, chegou também e entrou no túmulo. Ele observou as faixas de linho no chão,
e o pano que tinha coberto a cabeça de Jesus: este pano não estava com as faixas, mas enrolado num lugar à parte.
O outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também, viu e creu.
De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos.

(Jo 20, 1-9)

O Oratório de Páscoa (Osteroratorium BWV 249) foi composto por Bach na década de 1730.

De comovente beleza, ele começa com uma vibrante Sinfonia que tem algumas frases que fazem lembrar a sinfonia de abertura do Oratório de Natal. Tal associação faz todo o sentido, inclusive por estarem ligadas as idéias de Ressurreição e nascimento. O lindo Adagio, quase uma ária para oboe d'amore, dá o clima de vazio, de silêncio, que imperava após a morte de Jesus. A vibração da sinfonia é retomada no coro inicial, que canta a corrida de Pedro e João em direção ao túmulo onde Jesus deveria estar. A atmosfera do Adagio, no entando, é retomada. Como narra o momento em que mulheres e, em seguida, os discípulos descobriram que a pedra havia sido retirada e o túmulo estava vazio, o oratório começa com a dúvida e a hesitação, ainda sob o efeito da tristeza causada pela morte de Jesus, e com uma música de grande beleza e delicadeza. Ao longo do oratório surge a agitação -- 'onde encontro Jesus?' -- e, finalmente, a alegria: 'nosso Salvador vive de novo! Alegrai-vos!'

No vídeo, o Philippe Herreweghe, um especialista no assunto que tivemos o privilégio de ver, aqui em São Paulo, em 2009. Podem ser vistos, no vídeo, instrumentos de época como o oboe d'amore, já citado, e flauta de madeira, etc.

Infelizmente, os recitativos foram suprimidos do vídeo do youtube. Colocaremos, porém, o texto aqui, para que se tenha uma visão completa da obra.

Oratório de Páscoa
BWV 249

Philippe Herreweghe
Collegium Vocale

soprano: Agnès Mellon
alto: Andreas Scholl
tenor: Mark Padmore
baixo: Peter Kooy

1. Sinfonia


2. Adagio


3. Coro

Kommet,Kommt, eilet und laufet, ihr flüchtigen Füße,
Erreichet die Höhle, die Jesum bedeckt!
Lachen und Scherzen
Begleitet die Herzen,
Denn unser Heil ist auferweckt.
Vinde, correi e com pressa, pés fugitivos,
Alcançai a gruta que cobre a Jesus!
Risos e graças
Seguem os Corações,
Pois nosso Salvador despertou.

4. Recitativo

Ó fria Mente dos Homens!
Onde foi o Amor,
Que ao Salvador deveis?

Uma fraca mulher vos envergonha!

Ah! Uma turbada Aflição,

E no Coração um doloroso penar,

Com salgadas Lágrimas
E Ânsias plenas de melancolia
Ungüento para ele hão de ser,

Que vós, assim como nós, em vão preparastes.

5. Ária

Seele, deine Spezereien
Sollen nicht mehr Myrrhen sein.
Denn allein
Mit dem Lorbeerkranze prangen,
Stillt dein ängstliches Verlangen.
Alma, teus ungüentos
Não devem ser mais de mirra.
Pois somente
O esplendor de uma coroa de louros
Há de pacificar teus ansiosos Anelos.

6. Recitativo

Eis a Gruta.

E aqui a Pedra,
Que tal a recobre.
Mas onde estará meu Salvador?

Da Morte ele despertou!
Um anjo encontramos,
Que tal coisa nos fez saber.

Vejo aqui com Alegria
Que o sudário jaz desfeito.

7. Ária

7
Sanfte soll mein Todeskummer,
Nur ein Schlummer,
Jesu, durch dein Schweißtuch sein.
Ja, das wird mich dort erfrischen
Und die Zähren meiner Pein
Von den Wangen tröstlich wischen.
7
Suave seja a tristeza da Morte,
Apenas um sono,
Jesus, por causa de teu Sudário.
Sim, ele há de ser o meu refrigério
E das Lágrimas de meu Penar,
A minha face, consolador, há de limpar.

8. Recitativo

Entretanto, nós suspiramos
Com ardente Desejo:
Ah, pudesse ser isto logo consumado,
Ao Salvador ele mesmo contemplar!

9. Ária

Saget, saget mir geschwinde, Saget, wo ich Jesum finde, Welchen meine Seele liebt! Komm doch, komm, umfasse mich; Denn mein Herz ist ohne dich Ganz verwaiset und betrübt. Dizei-me, dizei-me logo, Dizei-me onde encontro Jesus, Aquele amado por minha Alma! Vem, pois, vem e abraça-me; Pois meu Coração está sem Ti Desvalido, todo sofrendo.

10. Recitativo

Nós somos alegres,
Pois nosso Jesus vive outra vez,
E nosso Coração
Antes suspenso e desfeito em Tristeza
Esquece a Dor
E pensa em Cânticos de Alegria;
Pois nosso Salvador vive de novo. 

11. Coro


Preis und Dank Bleibe, Herr, dein Lobgesang. Höll und Teufel sind bezwungen, Ihre Pforten sind zerstört. Jauchzet, ihr erlösten Zungen, Dass man es im Himmel hört. Eröffnet, ihr Himmel, die prächtigen Bogen, Der Löwe von Juda kommt siegend gezogen! Adoração e Graças Permaneçam, Senhor, em teu canto de Louvor. O Inferno e o Diabo submetidos estão. Seus Portões são destruídos. Alegrai-vos, ó Línguas desatadas, Pois ouvidas sois no Céu. Abri, vós Céus, os esplêndidos Arcos, O Leão de Judá chega em triunfo!

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